quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Arquivos Ocultos

Outro dia escutei que nosso cérebro funciona semelhante ao Hd do computador e que, assim como um computado, possuímos pastas desorganizadas e muitas vezes corrompidas, que deveriam ser excluídas, mas não o fazemos e seguem sempre a disposição para o uso não inteligente.

O Cérebro é de fato uma máquina fascinante e sofisticada, mas que não vem com o manual de todas as funções, o que o torna indecifrável e misterioso com seus milhões de meandros e facetas desconhecidos. São tantos mecanismos de aviso, de alerta, de alarme, e de advertência que é difícil, comparado a uma máquina, dizer quando um desses é posto no mercado sem ter passado pelo controle de qualidade.

Mas dentre todos os seus mecanismos, o cérebro humano possui três, de grande importância e que são estudados pela psicologia e para-psicologia, que são o ID, o EGO e o SUPEREGO.

ID é a parte original, a partir da qual, posteriormente desenvolvem-se as outras duas. É responsável por satisfazer nossas necessidades básicas desde o começo da vida. Sua atividade consiste em impulsos que buscam o prazer, desejando a gratificação imediata e não tolerando a frustração. É o nosso lado instintivo, que não mede as conseqüências dos atos para se satisfazer.

O EGO é a parte que aprende a controlar os impulsos, decidindo se estes devem ser satisfeitos imediatamente, mais tarde ou nunca. Sua principal função é agir como intermediário entre o Id e o mundo externo. A criança, na proporção que se desenvolve, vai descobrindo que existem normas e regras estabelecidas pelo meio, que se repetem com muita freqüência e que acabam incorporando-se à estrutura psíquica, constituindo o Superego. Seria o que chamamos de “dor na consciência”.

O SUPEREGO representa a resposta imediata, o “certo” ou o “errado”, diante de várias situações que exigem uma tomada de posição, sendo o impulso de censurar a tudo, a todos e principalmente a nós mesmos.

Diariamente recebemos grandes doses de conceitos do que é certo e errado e, sem que percebamos, acabamos por absorver, abastecer e salvar em nosso HD.

Quando nossos pais investigam nossos amigos e namoradas, eles têm razão em tentar identificar o meio em que eles convivem, ou simplesmente o pedigree. Pois na fase de formação do caráter e da personalidade, para os que realmente tem isso, o individuo dito bem criado e de boa formação, que cresceu em condições de valores e padrões de comportamento considerados normais, tem uma maior probabilidade de respeitar e observar mais o EGO e o SUPEREGO que o ID, e não transgredir comportamentos que eles reprovam e são mais capazes de buscar aconselhamentos a pessoas com mais experiência de vida e de boa formação. Há quem confunda isso com melhores padrões financeiros vida.

Mas nada é garantido! Porque se forem se aconselhar com um transgressor, tanto pode piorar, quanto iniciar um processo de deformação de personalidade, comportamento e desvio de conduta. O que justifica a frase: ”diz-me com quem tu andas, que eu te direi quem tu és”!

Dependendo da educação que recebemos, do contexto em que crescemos, dos que convivemos, tomamos como princípios básicos, valores morais e sólidos, que inconscientemente armazenamos em nosso “HD”, na pasta subconsciente como corretos. A “dor na consciência” nada mais é que a atuação, o alarme emitido pelo nosso EGO em consonância com tudo que ouvimos, vimos e cremos ser correto.

Ao longo da vida, nos deparamos com circunstâncias que nos obriga a tomada de decisão e conseqüentemente de atitude, que vai de encontro e conflita com as informações arquivadas nessa pasta subconsciente de nosso “HD”. Sendo que lá, elas foram arquivadas como corretas e à medida que as transgredimos, o EGO, reage, rejeita, dispara alerta e reprova, sinalizando que estamos prestes a cometer uma transgressão dos nossos valores morais.

Ao transgredirmos, posteriormente passamos a nos sentir mal intimamente, e é um sentimento angustiante de lidar; mais conhecido como “consciência pesada”, que nada mais é que o superego atuando, como a voz da consciência lhe acusando.

Porém se, impulsivamente, você resolve transgredir, embora saiba que é uma ação errônea, então você entra em um território muito perigoso. Como por exemplo, em momentos difíceis de sua vida, você passa a se estourar e agredir verbalmente pessoas do seu convívio, depois de cometer essa destemperança por várias vezes, o seu EGO passa a não ter mais aquela pujança, aquela força para repreendê-lo ou acusá-lo, e é bem possível que em determinado momento ele não o acuse ou reprove mais, passando a aceitar como correto, sem remorso, como um meio de defesa ou uma válvula de escape para suas tensões.

É ai que o individuo entra no processo de banalidade de suas ações, o que justifica toda uma família ser tida como brava e agressiva, ou o ato covarde, na medida dos dias atuais, de uma família burguesa possuir escravos, achando tudo muito normal e banalizando o conceito de ser humano.

Esse processo é semelhante ao corretor do Word, que quando se escreve uma palavra errada, ele identifica sublinhando com um traço vermelho; se você der um clique com o botão da direta do mouse e escolher “adicionar ao dicionário”, pronto, mesmo que ela esteja errada, nunca mais ela fará o alerta, arquivando em sua memória como correta.

Essas pessoas tornam-se incapazes de resolver indiferenças através da conversa, do dialogo exemplar, do acordo, passando a utilizar até com filhos e parentes a justiça, constituindo advogados, solicitando indenizações, guarda de netos e sobrinhos, muitas vezes somente para ferir e mostrar seu poder e utilizando-se de ameaças novamente.

E o cérebro humano quando não sente mais o peso da transgressão, em certos casos passa a sentir até uma certa sensação de prazer intenso, e isso se aplica em mentir, roubar, furtar, consumir drogas e trair, enfim você passa a ter desvio de caráter, conduta, personalidade, e não percebe, na grande maioria dos casos, que está caindo no descrédito, na desmoralização pessoal, sendo discriminado e mal falado até pelos parentes.

Por ser um caminho quase sempre sem volta, difícil de ser revertido, mesmo depois de anos de analise, esses indivíduos passam, com toda razão, a serem evitados no circulo de relacionamento, pois um agressor passa a praticar por vicio mesmo, por qualquer motivo, desprovido de qualquer tipo de remorso. Mesmo quando a pessoa agredida foi a errada, ele só tem um sentimento, “tenho que procurar a pessoa certa para falar na cara dela”.

Eu conheço uma pessoa ali que confunde caráter, personalidade, boa criação e boa formação, com situação financeira. Que perdeu a capacidade de se sentir mal intimamente, quando agride o semelhante. É aconselhada por um transgressor, que se esconde por traz das palavras dela. É incapaz de refletir encima de uma boa leitura ou papo, para captar novas informações e exemplos e os utilizar como ferramenta para auto-analise. Que perdeu a capacidade de resolver as indiferenças através da conversa. E não tem consciência literal que todos nos sabemos e propagamos que ela é assim.

E você?

“Garrafa que levou querosene, nunca mais perde o cheiro” e mussarela se escreve com ç!

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