É
uma aclamada série médica norte-americana, criada
por David Shore
e exibida no Brasil pela Rede Record e pela Fox. O personagem principal é o Dr. Gregory
House, interpretado pelo ator inglês Hugh Laurie. É um infectologista
e nefrologista
que se destaca não só pela capacidade de elaborar excelentes diagnósticos diferenciais, como também
pelo seu mau humor, ceticismo, sarcasmo, pelo distanciamento dos pacientes e comportamento anti-social (misantropia),
já que ele considera completamente desnecessário interagir com eles.
Em uma conversa muito proveitosa, um amigo meu, aqui a quem vamos chamar
de Dr. Armando, relatou-me que essa célebre frase havia chegado até ele, pelo
Facebook, na semana passada, como uma daquelas gotas que não para de pingar,
mesmo que se tente apertar a torneira.
Dizia-me:
- Passei os dias a pensar intermitentemente, na sabedoria cruel, que
acabou por me despertar, talvez do que resta do principal sonho que ainda permeia
em meu ser. O de tentar revolucionar o mundo ou pelo menos o mundo dos que
estão a minha volta. Muito embora, em certos momentos, pensara: já deveria tê-lo
deixado escapar.
- Ainda no inicio de minha adolescência, me foi apresentado por meu pai,
uma frase de Léon Tolstoi: “Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo.” E fiz dela, aliado aos meus estudos, um caminho
para melhorar como pessoa e passar a ser exemplo, pois só assim, tornando-me
espelho, poderia influenciar outros, para se auto-melhorarem e assim por
diante. Achava que essa seria a pista para a estrada da verdade, capaz de fato
de me tornar semente de uma revolução.
- Na
trilha desse caminho em ser Doutor, achava que deveria manter a capacidade de indignação
e a coragem para expressar verdades, ditas por mim melhores, mesmo que a
principio magoassem alguns.
-
E confesso: Coitado de mim! Pois por um bom tempo, enveredara, sem perceber,
por uma armadilha deprimente. Porque para que tal idéia fosse posta em prática,
necessariamente, eu deveria ser melhor do que os outros e, o pior, me mostrar
melhor. Deveria ganhar espaço, tornar-me líder, mostrar que sabia. Então, Julgar,
julgar e julgar seria a palavra de ordem. Propor, propor e propor também. E
demorei muito para fechar essa torneira, mas acho que fechei a tempo, embora de
vez em quando, ela dê umas pingadinhas, como agora, relatando-lhe tudo isso.
-
Mas saiba que esse momento foi uma decisão. Veja bem:
- Minha
formação é em administração. 90% das palestras que assisti, ditas para
administradores, foram de psicólogos, jornalistas, médicos, políticos, juristas
e até camelô falando de marketing pude presenciar, dentre outros. Mas percebam:
em quantas palestras para advogados tem administradores falando sobre comportamento
do consumidor? Em quantas palestras para médicos, tem administradores palestrando
sobre gestão? (o grande problema da saúde), Em quantos congressos de psicologia
tem administradores ministrando conceitos de cultura organizacional? É como se
todos fossem dotados de conhecimentos profundos sobre administração, que o
mundo precisa atentar e, os administradores não fossem profissionais de opiniões
científicas e práticas interessantes. Quando percebi, senti a desvalorização da
profissão que escolhi e que tento manter o orgulho.
- Também
percebi que nos bares da vida, todos depois de quatro copos, sabem tudo de tudo.
Passam descaradamente para o personagem gente de sucesso, gestores natos e
palestrantes influentes. Rebatem conceitos, que nunca estudaram ou refletiram
em profundidade, argüidos de que a teoria nada tem haver com a prática.
- Nas
faculdades em que passei, os títulos valem mais do que a capacidade de expor os
conhecimentos e envolver os alunos.
- No
mundo real, o ter é definitivamente, mais importante do que o ser!
-
Pois meu amigo, na contra maré, das grandes prioridades elegidas para minha
vida, foi nesse momento em que “mostrar saber ganhar dinheiro”, apresentou-se como
a fórmula, incontestável de respeito, que todos esperam dos outros e
principalmente de mim. Seria como um
cartão de visita, que impõe respeito, demonstra poder, capaz de aguçar a
admiração, ou quiçá a inveja, em direção a minha pessoa. E isso se faz
mostrando bens materiais, você sabe, né?
-
Mas hoje, em plena consciência, da armadilha do conceito mostrar ter, foi que
decidi fechar a torneira de meus conselhos. Não me sinto tentado a me mostrar,
embora certamente seja inevitável. Conforto-me pela frase de que “santo de casa
não faz milagres” e sigo na árdua postura de tentar ignorar “os ignorantes”,
para não me mágoa e muito menos a eles. Apenas busco “fazer milagres em outras paróquias”!
- Hoje
em dia nem pitaco sobre melhorias no atendimento em uma loja eu profiro mais! E
você sabe que é a especialidade que mais me identifico.
- E
Assim busco extrair conhecimentos em territórios temidos. Mas é um exercício de
humildade, onde me sinto muitas vezes ator e fico a me perguntar toda a semana “o
que é que estou fazendo aqui?”
-
Ignorar coisas tem seu custo e isso eu sei! Mas Assim sigo, tentando não me
tornar um Dr, House.
É Miguelitchos, tornar-se Dr. House parece ser a prioridade de muita gente hoje e dia. Não é a toa que o seriado faz tanto sucesso, pois há de ocorrer algum tipo de identificação com os personagens para que a coisa engrene. O que a maioria ignora é que não precisamos ser estúpidos e arrogantes para sermos competentes e bem sucedidos! Tô adorando seu blog viu! parabéns! Xerão
ResponderExcluirValeu mesmo. Esse é o sentido do texto. Parece que a grande maioria tem essa sede de poder, apara agir como quiser.
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